Estudo: cafeína é eficaz no combate à depressão
11 de junho de 2015

O consumo de cafeína é eficaz tanto na prevenção como no tratamento da depressão, a doença com maiores custos socioeconómicos do mundo ocidental. São as conclusões de um estudo internacional liderado pela Universidade de Coimbra.


Os testes, realizados em modelos animais, foram desenvolvidos ao longo de seis anos. A equipa de 14 investigadores começou por sujeitar dois grupos de ratinhos a situações de stress crónico imprevisível, isto é, a sucessivas situações negativas e por vezes extremas, como a privação de água ou exposição a baixas temperaturas durante três semanas. A um dos grupos foi administrada cafeína diariamente.

No final da experiência, nos animais que consumiam cafeína, em doses equivalentes a quatro/cinco chávenas de café por dia em humanos, observou-se que "apesar de todas as situações negativas a que foram sujeitos, apresentavam menos sintomas em relação ao outro grupo, que registou as cinco alterações comportamentais típicas da depressão: imobilidade (os ratinhos deixaram de reagir), ansiedade, anedonia (perda de prazer), menos interações sociais e deterioração da memória", explica o coordenador do estudo, Rodrigo Cunha, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).

Em apenas três semanas de tratamento, "o fármaco foi capaz de inverter os efeitos provocados pela exposição inicial a stress crónico imprevisível e os animais recuperam para níveis semelhantes aos do grupo de controlo (constituído por ratinhos saudáveis)", acrescenta.

À questão sobre quando é que este fármaco poderá estar no mercado, o docente da UC afirma que, embora seja necessário efetuar um ensaio clínico, "a transposição para a prática clínica pode ser bastante rápida, assim haja vontade da indústria farmacêutica, porque estamos perante um fármaco seguro, já utilizado nos EUA e no Japão para o tratamento da doença de Parkinson".

O estudo foi publicado na revista da Academia Americana de Ciências "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS).

 

[Fonte: Vital Health]