Portugal está bem preparado para ameaças de saúde pública
15 de junho de 2015

 Portugal parece estar bem preparado para lidar com ameaças de saúde pública, como uma pandemia de gripe ou um surto do vírus ébola, conclui um relatório do Global Health Security Agenda (GHSA), um organismo de segurança norte-americano criado pela Administração de Barack Obama, que resultou de uma avaliação de nove peritos que visitaram o país. Portugal teve a classificação máxima em 10 das 11 categorias avaliadas, como por exemplo no combate à resistência à acção dos antibióticos, na capacidade de imunização da população e no Plano Nacional de Vacinação.

Também recebeu nota máxima (4) na capacidade de resposta rápida a ameaças biológicas, assim como na capacidade de alocação de meios em situações de crise, no funcionamento dos centros de emergência, na capa cidade demonitorização de situações de crise emtempo real. Também foi elogiada a relação entre organismos públicos para lidarem comeste tipo de situações, incluindo a articulação com as forçasde segurança. 
O sistema nacional de laboratórios e acapacidade de vigilância e erradicação de doenças de origem animal, sendo actualmente notificadas uma lista de cerca de 80 doenças (como a BSE brucelose, salmonelas) também ficou no topo da classificação. Mas neste item (das chamadas zoonoses), é referido que poderia haver um reforço de comunicação entre as autoridades de saúde e os serviços veterinários, uma recomendação que surge em várias das categorias avaliadas, e é sugerida a criação de regras oficiais de articulação.
"As ameaças de saúde ao nível do ecossistema humano-animal aumentaram nas últimas décadas, à medida que os agentes patogénicos se desenvolveram e adaptaram a novos hospedeiros e ambientes, trazendo nova sobrecarga aos sistemas de saúde humana e animal", lê-se. A GHSA recomendaque a vigilância seja feita, cada vez mais, de forma combinada e em estreita colaboração.
"Ficámos mais tranquilos ao saber que a estratégia definida em Portugal mereceu a aprovação e notas eleva das, em 11 categorias" disse o director-geral de Saúde, Francisco George. A pedido de Portugal, a equipa de nove peritos analisou ainda a capacidade do país para lidar com o vírus do ébola. O organismo americano aconselha Portugal a rever as regras e procedimentos a nível nacional para as adaptar a contextos locais.
"Melhorar a colaboração entre a área da descontaminação e eliminação de resíduos foi identificada como uma área que precisa de ser reforçada", refere ainda o documento de 42 páginas.
Portugal tem actualmente uma equipa de 11 elementos na Guiné-Bissau, onde montou um laboratório de virologia que passou a permitir a detecção do vírus, explica Francisco George. A missão portuguesa de seis meses deveria terminar em Setembro. Nessa altura, "haverá uma
reavaliação".
Desde 2014 foram reportados em Portugal nove casos suspeitos, todos negativos ao vírus do ébola. Dois foram detectados através da Linha de Saúde 24 e sete foram comunicados por estabelecimentos de saúde.
A única categoria onde Portugal aparece menos bem classificado é na segurança biológica: foi classificado com um 2 numa escala de 0 a 4. Neste item avalia-se, por exemplo, a existência de regras para o transporte de amostras com agentes perigosos ao nível dos laboratórios.
O documento diz que existe legislação a este respeito mas que, fora do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, nunca foi feita uma avaliação para perceber se estão a ser cumpridos os procedimentos de segurança nos laboratórios nomeadamente no sector privado.
Os autores do documento ressalvam, todavia, algumas limitações no trabalho como o facto de a equipa não ter podido ir ao terreno, a nível regional e local, para consolidar as informações colhidas a nível central. "Uma análise deste tipo poderia conferir mais objectividade a esta avaliação", referem. Portugal é o primeiro país na Europa e o quarto no mundo a submeter-se à peritagem, depois da Geórgia, Peru e Uganda. A equipa vai, de seguida, avaliar o Reino Unido.
 
[Fonte: Público]