Gastos dos hospitais com medicamentos sobem 18 milhões
17 de junho de 2015

No primeiro trimestre deste ano, os hospitais do Serviço Nacional deSaúde gastaram mais 18 milhões de euros em medicamentos do que no mesmo período do ano passado. A despesa aumentou 8,7%, invertendo a tendência de descida dos últimos quatro anos, conquistada em negociações com a indústria farmacêutica.

De janeiro a março, a despesa com medicamentos nos hospitais atingiu os 258 milhões de euros, contra os 240 milhões do ano passado. Este crescimento foi acompanhado por um aumento do consumo de 2,2%, num total de 60,6 milhões de fármacos (por unidade) dispensados, de acordo com a monitorização do consumo de medicamentos em meio hospitalar no primeiro trimestre, realizada pelo Infarmed.
São os medicamentos inovadores na área do cancro e da hepatite C que estão a desequilibrar as contas. Em fevereiro, em entrevista aoJN, o presidente do Infarmed, Eurico Castro Alves, avisava que os governos de todo o Mundo iam, em breve, "enfrentar um inferno" a propósito dos medicamentos inovadores que estão a ser aprovados com excelentes resultados mas com preços incomportáveis. Ontem, o presidente do Infarmed não quis comentar a subida da despesa dos medicamentos nos hospitais.
Segundo o documento, a que o JN teve acesso, os fármacos para tratamento do cancro e da hepatite C( aprovados em fevereiro) foram os que pesaram mais na despesa com medicamentos dos hospitais, representando 61% do total. Os antineoplásicos (incluem os citotóxicos, hormonas e anti-hormonas e imunomoduladores com indicação terapêutica na área oncológica) custaram no primeiro trimestre 55,5 milhões de euros, mais 9,3% do que no período homólogo.
O tratamento da hepatite C custou, entre janeiro e março, 8,3 milhões de euros mais, 303% do que no ano passado, quando o sofosbuvir e ledipasvir estavam por aprovar. A despesa com o tratamento do VIH/Sida - 52 milhões de euros - mantém se estável, mas continua a ter um peso muito significativo no total dos gastos. Já o investimento nos medicamentos órfãos (para doenças raras) aumentou 32% face ao período homólogo, totalizando 21 milhões de euros.
Praticamente todos os hospitais viram as despesas com medicamentos subir no primeiro trimestre. Nos centros hospitalares de S. João e do Porto, estes gastos dispararam 27% e 19%, respetivamente. Já o IPO do Porto baixou 3,1% refere à monitorização do Infarmed. 
No mercado ambulatório, leia-se nas farmácias, a despesa com medicamentos manteve a tendência de descida. Os utentes compraram mais fármacos, mas gastaram menos dinheiro no primeiro trimestredo ano. Foram vendidas 39 milhões de embalagens (mais 1,6%) e o encargo médio do utente caiu 1,3% para os 4,47 euros, refere outra monitorização do Infarmed.