Portugueses compraram remédios falsos
19 de junho de 2015

 

Medicamentos contra o cancro derivados de sangue e anti-infecciosos estão entre os 20,7 milhões de remédios apreendidos em 115 países. Em Portugal, autoridades apreenderam 1051 encomendas feitas pela Internet.

 

Na "maior operação de sempre contra o mercado negro e o tráfico de medicamentos através da internet" foram apreendidos 20,7 milhões de medicamentos falsificados ou ilegais no valor de 71,8 milhões de euros, em 115 países, informou ontem a Interpol, num balanço da Operação Pangea VII, coordenada por esta polícia internacional. Foram detidas 156 pessoas.

Entre os remédios contrafeitos e ilegais detetados entre 9 e 16 deste mês estão medicamentos contra o cancro, derivados do sangue e anti-infecciosos, fármacos para combater a disfunção erétil ou para regular a tensão arterial e até produtos nutricionais.

A parte portuguesa da operação foi assegurada pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), o Infarmed e a GNR. Em Portugal foram controladas 6140 encomendas, das quais 1051 foram apreendidas durante a semana em que decorreu a operação. Através do conjunto de encomendas apreendidas foi possível impedir a entrada em Portugal de 18 381 unidades de medicamentos ilegais com um valor estimado de 45 217 dólares (cerca de 40 135 euros).

"Em resultado da participação da AT, do Infarmed e da GNR neste tipo de operação, e de outras ações desenvolvidas por estas três entidades, conclui-se que, apesar dos alertas, os portugueses continuam a comprometer gravemente a sua saúde ao adquirirem medicamentos pela internet em websites não autorizados", refere o comunicado.

Na Operação Pangea VIII participaram 236 agências de polícia, das alfândegas e das autoridades reguladoras de saúde. Da ação resultaram 429 investigações, a suspensão de mais de 365 anúncios de produtos farmacêuticos ilícitos através de plataformas de redes sociais e o encerramento de 2414 websites.

As intervenções no terreno incluíram a descoberta de um armazém ilícito cheio de medicamentos sem validade e contrafeitos na Indonésia, refere o comunicado. Na Indonésia, os criminosos alteravam o prazo de validade ou a quantidade de substância ativa nas embalagens contrafeitas, em medicamentos com data de validade expirada e não registadas no armazém, devolvendo-os a uma farmácia para venda.

A operação também teve como alvo algumas das principais áreas exploradas pelo crime organizado no tráfico ilegal de medicamentos e dispositivos médicos online como o registo de domínios ilegais, serviços de pagamento eletrónico e sistemas e serviços de entrega postal. Os 20,7 milhões de medicamentos apreendidos são o dobro da quantidade alcançada numa operação semelhante em 2013.