O corte nas comparticipações e os doentes que deixam de conseguir pagar medicamentos, receitados e comparticipados pelos Estados, estão a contribuir para o aumento de ‘superbugs', bactérias ultrarresistentes que sobrevivem cada vez mais a antibióticos. A relação é indirecta, mas foi concluída por um estudo publicado na semana passada pelo Lancet Infectious Diseases journal.
O estudo, citado pela agência Bloomberg, explica que há uma tendência crescente para comprar medicamentos em locais alternativos - em resultado dos cortes nos gastos públicos. E neste tipo de locais é provável que os medicamentos tenham menor qualidade ou que as dosagens sejam as incorrectas.
Todos estes factores estão a contribuir para a propagação de agentes patogénicos resistentes inclusive a medicamentos.
O estudo adianta, por outro lado, que os gastos extra - nomeadamente em privados - em saúde de cada país e o seu incremento podem ajudar a prever onde terão início estas resistências melhor do que factores como a pobreza ou o grau de saneamento básico.
O estudo analisou os dados publicados pela Organização Mundial de Saúde sobre 47 países (23 em África, oito nas Américas do Norte e do Sul), três na Europa, oito no Médio Oriente e cinco na Ásia). E associa o aumento de dez pontos percentuais (p.p) dos gastos extra em saúde à maior resistência aos medicamentos (mais 3,2 p.p.). Portugal não está entre os países analisados.
[Fonte: Diário Económico]