Hepatite C pode estar erradicada dentro de alguns anos
30 de julho de 2015

 "Podemos ser otimistas o suficiente para dizer que a hepatite C é uma doença que pode estar erradicada dentro de alguns anos". Quem o afirma é José Cotter, presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG). Esta doença está associada a 25 a 30% dos casos de cancro do fígado a nível mundial e é hoje a principal indicação para transplante do fígado nos Estados Unidos da América e na Europa, pelo que se torna fundamental o rastreio para todos os casos de doença hepática.

 

As hepatites víricas, "segunda causa mais frequente de cirrose em Portugal, atrás da cirrose de etiologia alcoólica", são, na ótica da SPG, "um problema de saúde pública mundial" que deve ser combatido através da "informação e sensibilização geral das populações, dos médicos de família, e de uma coordenada e eficaz resposta dos médicos especialistas em Gastrenterologia e Hepatologia [...], contando com um imprescindível empenhamento das instâncias estatais e governamentais".

 

Na senda do apelo de rastreio feito pela SPG, a SOS Hepatites esteve no dia 28 de julho, na Praia de Santo Amaro de Oeiras, em Lisboa, a oferecer rastreios à hepatite C a toda a população, como forma de assinalar o Dia Mundial das Hepatites. Com o slogan "Faça o Rastreio. Salve o seu fígado", esta associação pretender também alertar para a necessidade de avaliar a situação do fígado, especialmente dos portugueses nascidos entre 1950 e 1980.

 

Segundo o também diretor do serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar do Alto Ave, os doentes dispõem de tratamentos "com elevadíssima taxa de eficácia, muito próxima dos 95%", mas revelou preocupação face a "uma pequena franja de doentes [que] não responde a estes tratamentos".

 

E acrescenta: "Necessitarão de medicamentos alternativos que neste momento ainda não estão aprovados do ponto de vista negocial pela tutela." No entanto, afirma que esta é "uma doença que pode estar erradicada dentro de alguns anos" face ao avanço da investigação médica nesta área.

 

O especialista alertou, ainda, para o carácter "silencioso" desta doença, que deve ser combatido através de "uma simples análise sanguínea", "pelo menos uma vez, na idade adulta".

 

"Se a infeção evoluir de modo silencioso, o que vai acontecer é que, quando houver sinais, já vai estar numa fase muito avançada" e trazer complicações como a cirrose ou o cancro do fígado, que pressupõem "tratamentos muito complicados", nos quais, na maioria dos casos, o transplante é "o único recurso".

 

No que toca aos casos de hepatite B, o presidente da SPG afirmou que se verifica um decréscimo a partir do momento em que a vacina entrou no Programa Nacional de Vacinação, não descurando a realidade de que "ainda existe uma parte substancial de cidadãos infetados".

 

"Dispomos de tratamentos eficazes, no sentido de não deixar avançar a infeção, nem deteriorar o fígado", referiu José Cotter, admitindo que, "numa elevada percentagem de casos", não são a cura, mas sim um modo de controlar a doença e impedir que esta avance.

 

Em Portugal, a infeção pelo vírus da hepatite B pode atingir, segundo a SPG, 40.000 a 100.000 cidadãos, e estar presente em 15 a 20% dos doentes com cirrose hepática, "estádio final das doenças do fígado cujo único tratamento curativo será o transplante".

 

[Fonte: Vital Health]