Sabe quantos micróbios diferentes vivem na poeira da sua casa? 9.000, dizem cientistas
28 de agosto de 2015

Mesmo se é um maníaco das limpezas, não tenha ilusões: pode estar a partilhar a sua casa com cerca de 9.000 espécies diferentes de micróbios, revela um novo estudo científico.

São invisíveis e não pagam renda, mas vivem nas nossas casas e na nossa pele. Dos 9.000, 7.000 são bactérias, quase 2.000 são fungos.

O estudo foi feito a partir das amostras de pó recolhidas em 1200 lares norte-americanos, mas os investigadores garantem que estes resultados são relevantes em todo o mundo: o pó que se acumula em casa pode ter até 9.000 tipos de micróbios diferentes.

Além do número, outra informação importante a registar: o tipo de micróbio varia em função das pessoas que vivem em cada casa - homem ou mulher, com ou sem animais de estimação - e da localização da própria habitação.

A pesquisa que chegou a este impressionante resultado faz parte de um projeto científico chamado The Wildlife in our Homes - a vida selvagem nas nossas casas, numa tradução literal.

Ao todo, 1200 voluntários responderam ao apelo e enviaram amostras do pó das suas casas, situadas em diferentes estados norte-americanos, privilegiando a pedido dos cientistas o pó que se acumula nas ombreiras das portas, que por norma é limpo menos vezes.

Uma análise genética ao pó, indica a BBC, revelou um verdadeiro manancial de criaturas microscópicas, entre fungos e bactérias. Em média, só em termos de fungos, uma casa dá abrigo a cerca de 2000 tipos diferentes, dos quais fazem parte os que se desenvolvem na matéria orgânica e a decompõem, mas também aqueles que podem ser úteis ao ser humano, nomeadamente os do género penicillium, que servem de base para a produção de antibióticos.

A composição exata de cada amostra em termos de fungos dependeu, segundo Noah Fierer, professor de ecologia e biologia evolutiva responsável pelo estudo, da localização de cada residência onde o pó foi recolhido. "Sabemos há muito tempo que os micróbios vivem nas nossas casas.

O que estamos a fazer agora é ciência à moda antiga, para perceber como variam no espaço", explicou o especialista. "Muitos dos fungos que encontrámos parecem vir de fora de casa, entram através das nossas roupas, janelas e portas abertas".

A melhor forma de prever o tipo de fungo que se encontra em cada residência é, precisamente, através da sua localização. Já no que às bactérias diz respeito, variam sobretudo em função do sexo das pessoas que vivem em cada habitação.

Destacam-se os estreptococos e estafilococos, muito presentes no nariz e na pele humana, mas também alguns tipos de bactérias associadas às fezes.

"Encontrámos bactérias diferentes segundo quem - ou o quê - vive em cada casa", revelou Fierer. "Há alguns tipos de bactérias que são mais comuns nos corpos das mulheres do que nos dos homens, e conseguimos ver o impacto desse facto no pó que encontramos em casa".

Ter animais de estimação também pode fazer diferença no "ecossistema" dos micróbios alojados nas residências. "Foi uma surpresa ver que poderia ter uma influência tão forte, mais forte do que outros fatores como, por exemplo, a localização ou o desenho da casa".

[Fonte: Diário de Notícias] e Medlog Sgps