A Direção-Geral da Saúde defende que a dieta mediterrânica é a mais adequada para prevenir e travar a doença de Alzheimer. Nesse sentido, publicou um manual com soluções para uma melhor alimentação que vem apoiar cuidadores e doentes. O documento, intitulado "Nutrição e Doença de Alzheimer", analisa os melhores alimentos a escolher, o papel do sono e truques de apoio a quem cuida. Fruta, hortícolas, cereais integrais, peixe, aves e até um pouco de vinho podem ter um efeito protetor, reduzindo o risco mas também a mortalidade quando a doença está instalada.
Pedro Graça, o diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, explica que a decisão de avançar para este manual se deveu "à escassez de informação nesta área. Ao mesmo tempo, aproveitou-se para divulgar um documento no mês mundial do Alzheimer que contribua para a melhoria da saúde dos doentes", que se calcula que sejam hoje 130 mil em Portugal. O documento será distribuído sobretudo por instituições que trabalham com idosos, associações, lares e instituições de saúde.
Há muitos estudos em curso e muitas incertezas quanto ao papel da alimentação nesta doença, mas parece haver mais evidências quanto ao papel preventivo de alguns alimentos do que numa fase em que a doença está instalada. "Se houver uma série de regras ao longo da vida, podemos reduzir o risco de desenvolver a doença. Desde logo, senão houver obesidade, o risco é mais baixo", diz Pedro Graça. Segundo o manual, a melhor dieta preventiva é a mediterrânica, "com frutos e hortícolas, vegetais verdes, frutos oleaginosos [amêndoa, noz, avelã...], frutos vermelhos, cereais integrais, azeite e vinho, de forma moderada, ou tem o efeito contrário' acrescenta. Resultados de alguns estudos mostram que há melhorias cognitivas e menor risco de desenvolver transtornos leves e de se progredir para Alzheimer.
Em alternativa, pode optar-se pela dieta mind, que conjuga a dieta mediterranica com a flash. No fundo, "esta reforça um pouco a mediterrânica, mas é mais assertiva" e limita os produtos de origem animal, as margarinas, queijos, doces e fast-food. Neste caso, refere documento, a taxa de declínio cognitivo é semelhante a ter menos 7,5 anos.
Na progressão da doença "já se sabe que a alimentação pode evitá-la. Há uma redução conhecida da mortalidade. Mas sabemos também que não há nada que cure". Já os suplementos são úteis quando a alimentação não é suficiente. "De pouco serve tomar suplementos para prevenir. Estes apenas servem quando há nutrientes em falta, nomeadamente as vitaminas C, d, do complexo B, ácidos gordos, entre outros", avança Pedro Graça. Muitos deles podem ir buscar-se aos alimentos.
Uma surpresa dos autores do documento foi o papel do sono e a sua associação a transtornos. "A falta de sono, inferior a sete ou oito horas, tem impacto nos transtornos cognitivos. O mesmo em relação à atividade física e aos exercidos mentais, que reduzem a degenerescência", sublinha.
Não menos importante do que a allmentação" é o papel do cuidador. Há uma série de técnicas. Mas percebemos que quanto mais tempo e paciência mais tempo devida. Uma refeição pode demorar 40 minutos".
Havendo uma boa alimentação, o prognóstico é melhor. Mas é comum haver perda de apetite com a doença. O manual apresenta muitas soluções, como a alimentação com qualidade, a escolha de ambientes acolhedores, como a cozinha, a partilha de refeições e até a frequência de programas de formação para cuidadores, "muitas vezes pouco preparados". O uso de condimentos, finger foods (pedaços de fruta, quiche vegetais) e ervas são boas soluções.
DICAS
NUTRIENTES >Vitamina E ajuda ao funcionamento dos neurónios. Pode ser encontrada no azeite (duas colheres de sopa por dia), sementes de girassol, amêndoas e avelãs (30 gramas), entre outros.
SELÉNIO > particularmente importante para prevenir e travar a progressão da doença. Carne, peixe, ovos, nozes e flocos de trigo e cereais enriquecidos podem satisfazer as necessidades.
COMPLEXO B E ÁCIDO FÓLICO > Vitaminas deste grupo se estiverem em baixa aumentam o risco da doença. Ácido fálico melhora funções cognitivas e a vitamina B12, que os vegetarianos têm de ir buscar a um suplemento, melhora a performance cognitiva. O primeiro existe em legumes, fruta e alguns peixes; o segundo nas carnes.
VITAMINA D > Depende da exposição solar, mas está também no peixe gordo, como o ómega 3, ou na gema de ovo. É importante para o planeamento, processamento e formação de novas memórias.
ESTRATÉGIAS > Cuidadores devem dar primazia à fruta em vez de doces, usar ervas aromáticas, pratos nunca antes feitos e mais condimenta-dos. A hidratação, seja com líquidos frios ou quentes combina-dos, deve ser estimulada.
APETITE > Para aumentar o apetite aposte em snacks regulares, alimentos novos e refeições pequenas ao longo do dia. O uso de comida mote e quente e a possibilidade de comer fora dos horários estipulados pode ajudar o doente.
[Fonte: Diário de Notícias] e Medlog Sgps