Os médicos dos centros de saúde vão começar a ter acesso imediato aos exames que os seus doentes fazem nos hospitais. Uma mudança que vai permitir aceder em tempo real a todas as informações sobre os doentes, evitar custos com a duplicação de exames, deslocações desnecessárias e dar resposta mais rápida aos doentes, mesmo que estejam noutras regiões do país. Desde a semana passada que os centros de saúde de Sintra e da Amadora já conseguem ver os exames que são realizados no hospital Amadora--Sintra. Mas no próximo ano, todos os hospitais podem começar a partilhar estas imagens.
Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) vão lançar já neste mês um concurso internacional no valor de meio milhão de euros para tornar possível esta partilha de informação. O presidente do conselho de administração, Henrique Martins, explica que o concurso é para "um sistema de partilha de imagens mais sofisticado do que o atual e que funciona na Plataforma de Dados da Saúde. Estamos já a fazer partilha de imagens com o Hospital Fernando da Fonseca, mas queremos tornar a partilha mais efetiva com um sistema que aproxima todos os visualizadores de imagens, nem sempre compatíveis, de forma que o médico as visualize".
José Castro tem 86 anos e um vasto rol de doenças sendo, acompanhado no Serviço Nacional de Saúde. Foram várias as vezes em que teve de ser internado ou de ir às urgências nos últimos meses. Na unidade de saúde familiar Mãe D’água, em Massamá, os médicos que o acompanham já conseguem aceder aos exames que este doente fez no hospital, sejam radiografias, TAC, ou ecografias e podem comparar os exames com os anteriores.
Até aqui, “ou o médico via as notas de alta ou então tinha de confiar na palavra do doente, que muitas vezes se esquece de muita informação”, conta Mário Silva, coordenador da USF. Com a inscrição dos utentes no Portal do Utente e a autorização de partilha destes dados pelos serviços, os médicos passam a ter a vida facilitada. “Sabemos exatamente tudo o que se está a passar com o doente. As análises que ele fez, os atendimentos, a evolução dos próprios exames”, refere. É possível comparar duas TAC abdominais que foram feitas no espaço de semanas e tomar decisões.
“Poupamos muito tempo e enquanto médicos de família podemos ver o estado do doente de for ma global, conseguimos tomar de cisões rápidas. Havia exames que se pediam sem necessidade e informações que faltavam e ajudariam a explicar o que se passa”.
[Fonte - texto e imagem: DN]