Antibióticos não devem ser a primeira opção no combate às infeções
18 de setembro de 2015

Com o início do ano letivo, aumentam os casos de infeções respiratórias em crianças, uma situação que obriga, em grande parte dos casos, a um regresso precoce a casa e que, de acordo com os especialistas, é responsável por causar um sofrimento acrescido nos mais novos. Especialista defende que o tratamento com antibióticos também não deve ser a primeira opção.

"No regresso às aulas, as infeções das vias aéreas são a razão mais frequente da procura de aconselhamento junto dos pediatras. O sistema imunitário das crianças ainda não está totalmente desenvolvido, o que faz com que sofram entre oito a doze infeções por ano, um problema com uma prevalência elevada durante esta época", explica Libério Ribeiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia Pediátrica.

As infeções das vias aéreas são doenças, na maioria das vezes causadas por um vírus, que afetam o aparelho respiratório, como é o caso das bronquites agudas, gripes, constipações e amigdalites, que afetam principalmente as crianças.

A persistência de sintomas como espirros, tosse, lacrimejamento, dores de garganta ou dores no corpo, podem indicar um diagnóstico de uma infeção respiratória.

Antibióticos não devem ser a primeira opção

De acordo com Libério Ribeiro, o tratamento destas infeções não deverá passar pelos antibióticos como primeira opção: "Vários estudos sobre as tendências de prescrição têm mostrado que os antibióticos são prescritos para a maioria das infeções das vias aéreas, mesmo sendo inexistente o benefício terapêutico destes medicamentos para as infeções virais. Em Portugal, 55% das crianças, no primeiro ano de vida, já tomaram antibióticos".

E acrescenta: "A resistência bacteriana aos antibióticos está a desenvolver-se rapidamente, uma situação que está a atingir proporções elevadíssimas em todo o mundo. Se uma criança começar precoce e repetidamente a ser submetida a antibióticos pode ter consequências sérias no futuro. Os antibióticos têm uma ação deletéria na microbiota intestina, importante na manutenção do equilíbrio imunológico, conduzindo à sua disfunção, responsável por várias patologias, incluindo as alérgicas. A ocorrência de estirpes bacterianas resistentes está fortemente relacionada com a frequência da administração de antibióticos".

Para tratar este tipo de infeções o pediatra esclarece: "Atualmente já estão disponíveis no mercado português, vários medicamentos eficazes e bem tolerados no tratamento de infeções virais e antibacterianas e em breve vão surgir novas opções com várias ações terapêuticas que, ao contrário dos antibióticos, não induzem resistência, pelo que deverão ser a primeira opção para estes casos", salienta o especialista.

A prevenção das infeções das vias aéreas pode passar pela adoção de uma alimentação saudável, com reforço da vitamina C, pela prática de exercício físico e também através de simples gestos do quotidiano: uma boa higiene nasal, lavar as mãos várias vezes por dia ou deitar os lenços de papel no lixo depois de os utilizar.

[Fonte: Sapo através de Medlog Sgps]

 

[Imagem: Medlog Sgps]