Mais uma arma contra o cancro da mama
21 de setembro de 2015

 Chama-se eribulina, é um medicamento quimioterapêutico e demonstrou especial efeito no cancro da mama metastático, em particular nos tumores triplo-negativos. A agência europeia para o medicamento aprovou o seu uso, após a publicação de dois estudos clínicos, realizados nos hospitais Ramón y Cajal de Madrid, e Vall d’Hebron de Barcelona. O composto do medicamento foi sintetizado a partir de um organismo existente nos mares do Japão, “o Halichondria okadai”, descoberto em meados da década de 80. Segundo o investigador que encabeçou o estudo, Javier Cortés, “os resultados clínicos não têm precedentes em termos de sobrevivência global, com uma redução do risco de mortalidade de 30% no subgrupo com o pior prognóstico no estudo”.

Olhemos, então, mais de perto as investigações. A primeira incluiu 762 mulheres com doença metastizada, ou localmente avançada, que já tinham recebido dois ou mais tipos de tratamentos de quimioterapia. Aqui, a eribulina demonstrou “ter um benefício de 2,7 meses na sobrevivência” destas pacientes, afirma o médico Nuno Miranda, diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas na Direção Geral da Saúde. “Quer isto dizer que, com os tratamentos convencionais, ao fim de 10,2 meses metade das doentes tinha falecido, enquanto no tratamento com eribulina esse tempo foi de 13,2 meses”. Escrito assim, o medicamento não parece representar uma esperança muito grande - mas segundo Nuno Miranda “é mais uma arma para o tratamento desta doença”. A segunda investigação incluiu 1102 mulheres em condições semelhantes, mas teve benefícios menores (apenas 1,6 meses de sobrevivência face aos tratamentos convencionais).

Será necessário, portanto, testar melhor o medicamento que, em Portugal, “se encontra sob avaliação fármaco-económica”. Mas o especialista em Hematologia Clínica ressalva: Alguns dados interessantes mostram que a eribulina, além de impedir o crescimento das células tumorais, pode diminuir a agressividade dos tumores e a capacidade de estes se espalharem pelo organismo”. Aguardemos.

 

[Fonte: Expresso]

 

Fotografia: Diário Digital