Pense bem antes de dar um antibiótico ao seu filho
23 de outubro de 2015

 A campanha “Antibióticos Em Crianças: Use, Mas Não Abuse”, lançada esta quinta-feira, 22, pela Cooprofar – Cooperativa dos Proprietários de Farmácia, quer alertar para a necessidade de reduzir o uso destes medicamentos, sobretudo nos mais pequenos. É preciso sensibilizar, primeiro, os profissionais de saúde que os prescrevem, depois os pais que tantas vezes insistem com os médicos para os receitarem e, por fim, os farmacêuticos, responsáveis pela sua venda.

Cinquenta e quatro por cento das crianças portuguesas, até um ano de idade, já tomaram antibióticos, pelo menos uma vez. Esta é uma das principais conclusões do estudo internacional feito em mais de 40 países, ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Childhood), que visa determinar a prevalência de asma e alergias na infância. Portugal ocupa o nono lugar, num total de 30 países europeus, com maior consumo de antibióticos, segundo o relatório “Portugal – Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 2014”, apresentando “das mais elevadas taxas de resistência antimicrobiana” em relação a algumas bactérias. “A campanha surge numa altura em que as infeções respiratórias, na infância, atingem o maior pico, levando a um nível de absentismo escolar elevado, associado à enorme preocupação dos pais e educadores relativamente à forma como devem tratar, o mais rapidamente possível, este tipo de problemas”, refere Delfim Santos, presidente da direção da Cooprofar – Cooperativa dos Proprietários de Farmácia. Além disso, “a ansiedade em devolver à criança o conforto e bem-estar, leva, como bem sabemos, a uma pressão, inocente mas desajustada, dos médicos para a prescrição de antibióticos. Trata-se de facto de medicamentos potentes, mas nem sempre são o melhor remédio”, acrescenta. “Em situações simples como constipações, gripes, amigdalites ou rinofaringites, 90% dessas infeções são de origem viral, o antibiótico não faz nenhum efeito”, explica o professor Libério Ribeiro, 70 anos, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia Pediátrica. Nestes casos, o pediatra e imunoalergologista recomenda que as crianças fiquem dois ou três dias em casa, evitando o contágio, fazendo coisas tão simples como lavar as mãos com regularidade e espirrar para o braço. A febre deve ser combatida com antipiréticos e muita hidratação. Só em caso de febre alta persistente e prostração, os pais deverão ir com os filhos às urgências pediátricas.

SABIA QUE?

Os antibióticos apenas são eficazes contra bactérias

As constipações e gripes têm uma causa viral. O uso de antibióticos nas infeções virais não ajuda o organismo a combater o vírus nem impede o contágio

O uso inadequado de antibióticos conduz à resistência bacteriana, aumentando o risco de complicações e o seu grau de contágio

 

NÃO DEVE!

 

Insistir com o médico para prescrever antibióticos

Pressionar o farmacêutico a vender antibióticos sem receita médica

Guardar sobras de antibióticos nem reutilizá-las

Alterar as doses dos antibióticos nem os intervalos entre tomas

Interromper o tratamento quando a criança se sente melhor

 

[Fonte: Visão]