Manipulação de genes salva Layla
12 de novembro de 2015

Uma menina inglesa com leucemia foi tratada por uma inovadora terapia genética. E abriu-se a porta a um admirável mundo novo.

Layla tinha apenas três meses quando lhe diagnosticaram uma leucemia linfoblástica aguda, em estado muito grave. O procedimento habitual nestes casos, quimioterapia e transplante de medula, falhou e os médicos que a seguiam no Great Ormond Street Hospital, Londres, mandaram-na para casa, com cuidados paliativos. "Vão construir memórias", sugeriram, perante o desespero dos pais. Mas estes não se conformaram e imploraram que fosse feita alguma coisa, mesmo que experimental. E foi isso que aconteceu. Depois de devidamente autorizados pelo conselho de ética, os médicos dispuseram-se a tratar a menina com terapia genética, usando uma técnica que até então só tinha sido testada em ratinhos. Seguiu-se um laborioso trabalho de manipulação de células, que recorre a uma tecnologia de alteração dos genes, baseada em enzimas (o método TALEN). 

O primeiro passo foi pegar num lote de linfócitos T, um tipo de células de defesa, transformando-as para que só matassem as células doentes, e também para se tornarem indetetáveis aos medicamentos dados aos pacientes com leucemia. A seguir, injetaram estes linfócitos na corrente sanguínea de Layla, numa operação que não demorou mais de dez minutos E esperaram. Ao fim de um mês, não havia uma única célula doente na medula da menina. Os pais falam em "milagre". Os médicos recomendam cautela, reforçando que se trata de apenas um caso. Para 2016, estão previstos ensaios clínicos, para este e outro tipo de cancros. "Estamos a assistir a uma verdadeira revolução na Biologia, que começou quando se percebeu que há enzimas capazes de reconhecer e alterar genes. E as aplicações médicas estão aí a rebentar," sublinha Carmo Fonseca, investigadora do Instituto de Medicina Molecular.

 

[Fonte: Grupo Cooprofar-Medlog]