Portugal vende cada vez mais medicamentos para fora
24 de novembro de 2015

A venda de medicamentos rendeu a Portugal 775 milhões de euros no ano passado. Um aumento de 74,5% quando comparado com 2010. A tendência mantém-se: nos primeiros nove meses deste ano, as farmacêuticas exportaram remédios no valor de 590 milhões de euros, mais 3% do que no período homólogo de 2014. Os Estados Unidos passaram a ocupar o primeiro lugar na lista de compradores no ano passado, onde Alemanha, Reino Unido e Angola fazem parte do top 5. 

Em 2014 Portugal importou remédios no valor de 1,6 mil milhões de euros. Entre os principais produtos que indústria nacional exporta estão antibióticos, anti- inflamatórios, analgésicos, cardiovasculares, medicamentos para o sistema nervoso central e digestivo, epilepsia. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) enviados ao DN, desde 2010 que Portugal está a crescer nestas exportações de forma sustentada. Por exemplo, de 2013 para o ano passado os ganhos subiram 20%. 
A lista dos cinco principais compradores tem-se mantido estável: Alemanha no lugar cimeiro, seguida de Reino Unido, Angola, França e Bélgica. Em 2014, os Estados Unidos passaram para o primeiro lugar do top 5 (perto de 162 milhões de ouros), lugar que, para já, mantêm neste ano com 127 milhões. 

A venda de remédios representou 1,6% do total das exportações em 2014 (em 2010 foi 1,2%). Até setembro deste ano representava 1,5%. A farmacêutica Bial é uma das empresas portuguesas que estão a conquistar o mercado americano. com um medicamento inovador para a epilepsia, que recebeu autorização da agência americana do medicamento (FDA) no final de 2013 como tratamento adjuvante (conjugado com outro). "Os Estados Unidos são o maior mercado a nível mundial e onde todas as empresas querem estar", disse ao DN António Portela, CEO da Bial. A estratégia passou por desenvolver medicamentos inovadores para conquistar os mercados americano, europeu, japonês. Há cinco anos as vendas para o exterior representavam cerca de 30% da faturação. "Atualmente, o exterior deverá representar 60% da faturação. É uma forma de a companhia crescer", explica. 

Sobre o que torna Portugal atrativo, Joaquim Cunha, diretor executivo da associação Health Cluster Portugal, aponta para vários fatores. "Uma fatia importante será de genéricos. Outros são produtos fabricados cá para outras empresas e há os inovadores, que é uma componente que está a crescer e que pode ter alguma importância. Estou convencido de que uma das questões mais importantes é o binómio preço-qualidade. Compram-nos porque têm a certeza da qualidade e o preço será competitivo. Um ponto forte da nossa indústria é a competitividade. Conseguimos produzir menores quantidades e dar resposta mais imediata aos pedidos", refere. "É importante gerar atratividade para termos investimento. Gera o reconhecimento que fazemos parte da primeira liga. Olhamos para a saúde como fonte de despesa, mas é uma fonte de riqueza, um motor da economia e do emprego qualificado", frisa. Já neste ano o remédio inovador para epilepsia da Bial recebeu autorização da FDA como monoterapia, o que aumenta o potencial de vendas de 35% para 65%. "Todas as empresas portuguesas têm feito um esforço para entrar nos mercados externos. Sem isso não será possível sobreviverem. 

Este é um trabalho individual de cada empresa, mas temos tido o apoio de organismos como o Health Cluster Portugal, a AICEP e o Infarmed. Têm tido um papel muito importante na credibilização do que fazemos. Portugal ainda tem poucos pergaminhos na área do medicamento", diz Paulo Lilaia, presidente da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos, refere que o mercado nacional representa cerca de 1,5% Quantos medicamentos cio mercado mundial. "É normal que as empresas se esforcem pela internacionalização. É um trabalho difícil, gradual e continuo. A crise e a redução de preços em Portugal reforçaram a necessidade de apostar no exterior", aponta. 

A Europa é o nosso mercado nacional. Depois vem o mercado de língua oficial portuguesa, como Angola, Cabo Verde ou Moçambique. A indústria portuguesa está a ser reconhecida pela positiva. O país está mais moderno e tecnológico. Temos menos farmacêuticas portuguesas, mas mais capazes de competir internacionalmente", salienta.

 

[Fonte: Grupo Cooprofar-Medlog]