Governo quer remédios para a sida e cancro nas farmácias
3 de dezembro de 2015

O governo quer que as farmácias dispensem medicamentos na área do cancro e das doenças transmissíveis, como a infeção VIH/sida. E admite dar início a uma fase de ensaios para testar o modelo. Esta será uma forma de garantir o papel das farmácias e que, ao mesmo tempo, os utentes possam levantar a medicação sem ter de se deslocar aos hospitais.

 

Esta é uma das medidas previstas no programa de governo, que aposta cada vez mais nos cuidados de saúde de proximidade e na articulação entre os diversos agentes do setor, sejam eles hospitais, centros de saúde, prestadores privados e do setor social e as farmácias. Ao mesmo tempo, um documento que quer quebrar barreiras de acesso, reduzindo as taxas moderadoras ou o pagamento de transportes

 

O Ministério da Saúde, liderado por Adalberto Campos Fernandes, pretende que os serviços das farmácias sejam cada vez mais bem aproveitados e valorizados, mas também que haja medidas de apoio ao uso racional do medicamento, que tem sido alvo de campanhas no último ano.

 

A possibilidade de os doentes oncológicos ou com VIH/sida poderem levantar a medicação nas farmácias é falada há vários anos. E seria uma forma de evitar deslocações aos hospitais, melhorando o acesso, reduzindo a espera nos hospitais e, ao mesmo tempo, compensar um setor que tem sido lesado nos últimos anos com medidas de contenção de custos.

 

A medida esteve quase a ser iniciada durante o executivo de Ana Jorge, mas uma vez mais não chegou a avançar. O alargamento dos serviços, como o recentemente aprovado apoio na área da diabetes, estava também a ser estudado com o ministério anterior, mas ainda não havia uma decisão.

 

O programa de governo avança agora coma possibilidade da "delegação parcial da administração de terapêutica oral em oncologia e doenças transmissíveis". Paulo Duarte, o presidente da Associação Nacional das Farmácias, refere que "todas as medidas que melhorem o acesso a cuidados aos utentes são positivas", mas refere que está a aguardar para abordar estes assuntos quando reunir com o ministro. "Para nós, o prioritário é estarmos ao serviço do governo, dos utentes, mas também garantir condições para preservar um setor que está em grande sofrimento.

 

No programa de governo há outras medidas que se destacam, como o reforço dos cuidados de saúde primários, nomeadamente através da aposta em consultas de especialidades como psicologia, oftalmologia, obstetrícia ou pediatria, que se realizam em menor número no centro de saúde.

 

Tal como previsto também pelo anterior governo, há uma intenção de simplificar o acesso a consultas ou exames. Dentro dos possíveis, pretende-se mesmo que os centros de saúde possam dar aos utentes estas respostas. Em todo o SNS, haverá ainda reforço nas áreas da saúde oral e visual, segundo o mesmo programa.

 

[Fonte: DN]