Um estudo científico conduzido por um investigador brasileiro demonstra que a amamentação pode evitar, todos os anos, a morte de mais de 800.000 crianças e de cerca de 20.000 mulheres por cancro da mama. Assim, amamentar é uma das medidas preventivas mais eficazes para a saúde dos bebés e das mães, independentemente do lugar onde vivem, e isso tem impacto na economia global.
O estudo foi publicado na revista britânica The Lancet e reúne informações retiradas de 28 artigos e investigações científicas.
"Há uma ideia pré-concebida de que os benefícios da amamentação só estão relacionados com os países pobres. Nada podia estar mais longe da verdade. O nosso trabalho demonstra claramente que amamentar salva vidas e poupa dinheiro aos países, tanto ricos e como pobres", afirma Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas, no Brasil.
Nos países com elevados níveis de alimentação com leite materno, o risco de morte súbita dos bebés diminui em mais de um terço dos casos. Sabe-se ainda que o leite materno tem propriedades que protegem as crianças contra a obesidade e diabetes e que amamentar reduz, para as mães, o risco de cancro da mama e ovários.
Há ainda razões económicas relacionadas com a amamentação, sublinha o estudo. As perdas para a economia global pelo desconhecimento dos benefícios do leite materno atingiram em 2012 os 276 mil milhões de euros.
Se nos Estados Unidos e no Brasil aumentassem para 90 cento a taxa de amamentação de crianças até aos seis meses, os sistemas de saúde de cada país poupariam por ano 2,2 mil milhões de euros (EUA) e 5,4 milhões de euros (Brasil).
Com estes dados, os investigadores apelam a um compromisso político e a um investimento financeiro para proteger, promover e facilitar a amamentação entre as mulheres e para criar regras para apertadas para a indústria de substitutos do leite materno.