Receitas médicas sem consulta? Sim, e há mais
9 de março de 2016

O secretário de Estado Adjunto da Saúde, Fernando Araújo, apresentou ontem o Plano Estratégico da Reforma dos Cuidados de Saúde Primária. O extenso nome encerra um conjunto de medidas que, promete-se, facilitará a vida dos utentes, bem como a dos profissionais de saúde.

 

Uma das principais mudanças prende-se com a dispensa de uma deslocação ao centro de saúde por parte de doentes crónicos para pedir receitas. Os pacientes poderão, pois, levantar a medicação habitual diretamente na farmácia.

 

"Uma das vantagens e objetivos da desmaterialização da receita é os médicos poderem, no sistema informático, prescrever a receita, e o utente com patologia crónica dirigir-se à farmácia e poder aviar as receitas, sem ser necessária consulta no centro de saúde”, elucidou o governante, não descartando ainda a hipótese de alargar a iniciativa a outras patologias.

 

Prevê-se que durante este ano grande parte do país esteja já abrangido por esta metodologia.

 

Tratamentos de saúde oral e rastreios oftalmológicos nos centros de saúde integraram o leque de novidades anunciadas pela tutela.

 

Segundo o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, os projetos de consultas de saúde oral vão arrancar em 10 a 15 centros de saúde em Lisboa e no Alentejo já durante o primeiro semestre do ano. Os projetos na área da saúde visual devem avançar igualmente nos primeiros seis meses de 2016.

 

Por outro lado, todos os profissionais dos centros de saúde devem passar a receber em função do desempenho, como já acontece nas unidades de saúde familiar (USF), estruturas que o Ministério da Saúde quer generalizar.

 

No plano de reforma hoje apresentado, está ainda a proposta de alterar a ponderação das listas de utentes por médico de família, o que representa mudanças no número de doentes crónicos ou de crianças, por exemplo, que cada clínico deve seguir.

 

Fernando Araújo reafirmou também que vai avançar com a figura do enfermeiro de família e do secretário clínico nos cuidados de saúde primários.

 

Já o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, mostrou-se convicto de que nos próximos dois anos poderá ser bastante alargada a cobertura de utentes com médico de família, garantindo que estão a ser criadas condições para ter mais médicos nos centros de saúde.

 

Além de possibilitar o regresso de médicos aposentados ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), o Ministério quer agilizar o processo de contratação de jovens médicos.

 

A este propósito, concretizou o secretário de Estado, estão a decorrer negociações com o Ministério das Finanças que permitam alterar os concursos para colocação de médicos recém-especialistas, de forma a ter concurso centralizado a nível nacional e que dispense entrevista.

 

Fernando Araújo lembrou que cerca de 300 médicos estão prestes a terminar a sua especialidade, ficando aptos a entrar no SNS.

 

[Fonte: Notícias ao Minuto]