O presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono aconselhou hoje as pessoas a anteciparem lentamente a mudança da hora, deitando-se um pouco mais cedo, para minimizar “os prejuízos” que esta alteração causa no organismo.
Nas vésperas da mudança para o horário de verão, que acontece na madrugada do próximo domingo, Miguel Meira e Cruz alerta que “desafiar o tempo interno é um risco real para a saúde” e aponta algumas formas de o minimizar.
“Apesar da solução para os problemas decorrentes da mudança da hora estar unicamente na abolição desta medida, é possível minimizar alguns dos efeitos assumindo alguns cuidados”, defende Miguel Meira e Cruz num comunicado enviado à agência Lusa.
Neste contexto, “é importante”, no que respeita ao sono, que as pessoas se deitem “um pouco mais cedo nos dias que antecedem o adiantar dos ponteiros” uma hora, salienta o especialista em medicina do sono.
Por outro lado, adverte, “adiantar os ponteiros significa para algumas pessoas com cronotipo matutino, deitar-se ainda com sol, o que pode dificultar o adormecer e afetar a continuidade do sono”.
“É importante que, nestas circunstâncias, o quarto seja mantido escuro e com temperaturas adequadas (nem muito frio, nem muito calor) para que o sono se processe da melhor forma”, aconselha.
Os que praticam exercício físico em horas tardias também devem tentar antecipar o horário do exercício, bem como a sua intensidade.
Segundo o investigador do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa, “não existe prova convincente” de que ganhar “uma hora extra de sol” represente “poupanças efetivas”.
“Existe sim, sem sombra de dúvida, um prejuízo tremendo, que pode ser maior ou menor dependendo do cronotipo e da robustez do relógio de cada um”, salienta.
Miguel Meira e Cruz refere ainda que existem várias razões para se considerar totalmente inoportuna a mudança que ocorre duas vezes por ano.
Apesar de ser sobre o sono que estas alterações horárias parecem ter mais efeitos, cada um dos órgãos sofre “um desajuste que demora bem mais tempo a recuperar do que o desacerto do ciclo vigília-sono”.
“Sabemos por exemplo que existe uma interação dinâmica entre o relógio circadiano interno e a divisão celular e que esta interação influencia por exemplo o desenvolvimento de certas doenças, nomeadamente tumorais. É efetivamente real o risco e o efeito pode não ser visível a curto prazo, mas existe”, salienta.
Também vários trabalhos epidemiológicos têm sugerido repetidamente que a mudança horária aumenta o risco cardiovascular, de acidentes e a ocorrência de maior instabilidade emocional, sobretudo em pessoas vulneráveis.
O investigador adianta que a maioria das pessoas esquece o impacto inicial da mudança após três ou quatro dias, sobretudo pela “frequência de horários irregulares e de maus hábitos” que têm relativamente ao sono e que “fazem ter dúvidas sobre o que é que provoca o quê”.
[Fonte: www.noticiasaominuto.com]