Quando as crianças estão doentes, os pais fazem tudo o que podem para que melhorem. Mas os antibióticos, apesar de medicamentos potentes, nem sempre são a melhor resposta. Aliás, o seu uso incorrecto é prejudicial à saúde de cada criança e de todos.
As crianças são muito susceptíveis a infecções, sobretudo as do tracto respiratório. Nos primeiros anos de vida, pode ser frequente que elas se repitam, devido ao pouco desenvolvimento do sistema imunitário. Além disso, quando frequentam o infantário, ficam mais expostas a microorganismos, o que torna as infecções quase inevitáveis.
São, quase sempre, benignas, mas os sintomas deixam os pais sobressaltados. Perante a febre, a tosse, as dores de garganta, a falta de apetite e de energia, anseiam por uma solução que proporcione alívio rápido. E pensam, de imediato, nos antibióticos.
NEM SEMPRE O MELHOR REMÉDIO
É verdade que são considerados medicamentos potentes, mas não curam todas as doenças. E, podem não ser os mais apropriados para as infecções típicas da infância. É que: Os antibióticos são apenas eficazes contra bactérias, mas a maioria das infecções que afectam as crianças, como constipações, gripes e afecções da garganta, são causadas por vírus;
Usar antibióticos nestas situações não ajuda o nosso organismo a combater o vírus nem impede o contágio; Algumas infecções víricas podem, no entanto, evoluir para bacterianas, tornando necessário o uso de antibióticos - mas esta é a excepção à regra;
Os antibióticos podem causar efeitos secundários entre os quais diarreia e reacções na pele;
O uso inadequado de antibióticos está na origem da chamada resistência bacteriana: as bactérias para sobreviverem aos antibióticos concebidos para as combater, ficam mais resistentes, pelo que são necessários medicamentos mais potentes para combater as próximas infecções. O resultado é um verdadeiro problema de saúde pública: as doenças duram mais, o risco de complicações aumenta, o grau de contágio também e não há forma de as tratar...
Por vezes, o melhor remédio para tratar uma infecção é mesmo confiar no sistema imunitário, dando-lhe tempo para actuar e combater a doença. Aliás, são estas infecções próprias da infância que vão ajudar a desenvolver as defesas da criança, tornando-a mais resistente. À medida que cresce, a vulnerabilidade a vírus, bactérias e outros microorganismos diminui.
ANTIBIÓTICOS COM BOM SENSO
Dados os riscos associados a um uso incorrecto dos antibióticos, para a saúde da criança e para a saúde de todos, há que respeitar algumas regras fundamentais. Saiba o que deve e o que não deve fazer:
- Não pressione o médico para lhe receitar antibióticos nem o farmacêutico para os dispensar sem receita: é que os antibióticos são medicamentos sujei-tos a receita médica precisamente por razões de segurança;
- Tome apenas os antibióticos prescritos para cada situação: não guarde sobras da última vez e não dê à criança antibióticos receitados para outra pessoa;
- Cumpra a posologia, não alterando as doses nem os intervalos entre tomas;
- Faça o tratamento até ao fim, durante todo o período indicado pelo médico: não deixe de dar o antibiótico mesmo que a criança se sinta melhor - corre o risco de a infecção se agravar;
- Respeite o modo de preparação: a suspensão oral deve ser preparada na altura em que vai ser consumida - se tiver mais de uma embalagem, prepare apenas a primeira, conservando a segunda conforme indicação do folheto ou do seu farmacêutico;
A escola e demais cuidadores da criança devem ser informados sobre a infecção e o tratamento em curso.
Respeitar estas regras é essencial para prevenir a resistência bacteriana e para assegurar que os antibióticos cumprem a sua função: o combate à infecção.