Um estudo que vai ser hoje apresentado identificou um “desinvestimento na saúde” na “atual crise económica e financeira” e defende o início de “um novo ciclo de investimento" no setor.
O estudo “Cortar ou investir na Saúde”, realizado pela Associação de Inovação e Desenvolvimento em Saúde Pública (INODES), concluiu que, “com a atual crise económica e financeira, tem-se registado um desinvestimento na saúde”.
“A lógica dos ajustamentos financeiros em vigor – puxar intensa e abruptamente e relaxar só quando é inevitável – impede a harmonização das políticas públicas e ignora os custos sociais dos ajustamentos”, lê-se nas conclusões do documento, a que a Lusa teve acesso.
O estudo, que resulta de um protocolo celebrado entre o especialista em saúde pública e dirigente da INODES Constantino Sakellarides, patrocinado por um laboratório, apurou que, apesar da saúde e os serviços de saúde terem “um elevado valor económico", o valor económico da saúde “tem ainda reduzida tradução nas políticas públicas”.
Os autores referem ainda que “a perda de capital humano por parte dos países «em ajustamento» – desempego e emigração nas profissões da saúde – que se tem registado nos últimos anos, tem sido ignorada no debate e configuração das políticas públicas nacionais e europeias”.
“A vontade e a capacidade da comunidade humana de investir na saúde estão fortemente associadas à qualidade da democracia, e esta à esperança num futuro melhor”, lê-se nas conclusões do estudo.
Para os autores do estudo, “o país precisa de um novo contrato económico e social que inclua o investimento em saúde”.
“Para que esse contrato possa ter lugar será indispensável preencher um conjunto de condições, a nível nacional e europeu. Três dessas condições parecem particularmente relevantes”.
A primeira dessas condições passa por “uma ampla aceitação social de uma base factual sólida sobre a situação do país na atualidade e dos fatores que a tem determinado, antecipando os efeitos sobre a saúde dos vários cenários económicos e financeiros relativos a 2015-2019”.
A segunda condição é “um consenso nacional alargado sobre as condições e os passos necessários para um grau aceitável de harmonização das políticas públicas – financeiras, económicas e de bem-estar”.
A última condição é “uma nova geração de estratégias de saúde”, as quais devem articular-se com “outras políticas públicas que tenham uma forte expressão e mobilização local à volta da ideia de que a aspiração ao bem-estar e a prosperidade económica são duas faces da mesma moeda”.
[Fonte: Lusa]